O período Neolítico, situado por volta de 10.000 a.C., marca uma fase crucial na história humana, caracterizada por mudanças fundamentais em nosso estilo de vida. Nesse cenário de transição, a arquitetura emergiu como testemunha da evolução da sociedade, refletindo a passagem de um modo de vida nômade para comunidades sedentárias. O surgimento das primeiras construções, como cabanas e palafitas, e a construção de monumentos megalíticos, como o Stonehenge, representam marcos significativos nesse panorama arquitetônico. Explorar esses avanços não apenas nos conecta às origens da arquitetura, mas também revela as raízes de práticas que moldaram as sociedades ao longo do tempo.
1 Período Neolítico
No período Neolítico, por volta de 10.000 a.C., ocorreu uma significativa mudança no estilo de vida humano. Anteriormente nômades, as pessoas começaram a viver em pequenos núcleos familiares, adotando práticas agropastoris ao domesticar animais e cultivar plantas. Essa transformação resultou no surgimento das primeiras edificações, como moradias e muralhas, marcando a transição para um modo de vida sedentário.
Embora cavernas tenham sido utilizadas como abrigos no passado, a verdadeira arquitetura emergiu com o Neolítico. A cabana, construída com materiais como barro, madeira e pedra, exemplifica o início da arquitetura intencional para atender às necessidades básicas, como abrigo e proteção. Essas construções iniciais foram precursoras das inovações arquitetônicas posteriores, incluindo construções megalíticas.
Os sítios arqueológicos, como Monte Alegre no Brasil, exibem pinturas rupestres que remontam a mais de 10 mil anos, documentando cenas do cotidiano. A distribuição gradual dos seres humanos ao redor do mundo, a partir de aproximadamente 12.000 a.C., também é evidenciada por mudanças nos modos de vida ao longo dos períodos Paleolítico, Mesolítico, Neolítico e a posterior formação de civilizações.
2 Primeiras construções
Durante o período Neolítico, destacam-se construções significativas, como cabanas e palafitas. Marc-Antoine Laugier, teórico da arquitetura, considera a cabana como uma forma lógica de abrigo, construída coletando galhos resistentes e utilizando folhas como cobertura. Essas cabanas apresentam uma inovação ao articular dois tipos de famílias construtivas: paredes verticais e cobertura horizontal, elementos fundamentais na composição arquitetônica.
As cabanas neolíticas evidenciam a preocupação com materiais distintos para sustentação e fechamento, utilizando toras de madeira como pilares e galhos pequenos, folhas e até couro animal para as paredes. As construções desse período eram rústicas em todo o mundo, indo desde cabanas simples até estruturas megalíticas como menires. As construções palafíticas, elevadas por estacas resistentes, são exemplificadas pelas palafitas pré-históricas dos Alpes, datadas entre 4.300 e 800 a.C., reconhecidas como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Essa forma de construção persiste em comunidades indígenas, como a lacustre de Myanmar na Ásia.
A descoberta das palafitas no século XIX, próximo ao lago de Zurique, foi crucial para a compreensão dessa arquitetura lacustre. O arqueólogo Ferdinand Keller identificou resquícios dessas palafitas e desenvolveu a teoria lacustre, associando a densidade e posição das estacas à capacidade de sustentar plataformas e habitações em madeira.
3 Monumentos megalíticos
Os monumentos megalíticos do período Neolítico eram primitivos e simbólicos, servindo como observatórios astronômicos e espaços para celebrações, especialmente na região do oeste europeu. Na Irlanda, mais de 500 sítios arqueológicos com túmulos megalíticos datados de 5.500 a 3.000 a.C. reverenciavam os mortos e delimitavam territórios. Exemplos incluem os menires, blocos de pedra com gravuras, e cromeleques, agrupamentos de menires, destacando-se o Stonehenge no sul da Inglaterra, símbolo da pré-história europeia.
Os menires, erigidos por volta de 5.000 a.C., possuem exemplares como o Menir dos Almendres em Portugal, associado a rituais de fertilidade. Cromeleques, como o Stonehenge, apresentam agrupamentos de menires em formatos diversos, servindo como monumentos multifuncionais para astronomia e coesão social. Dólmens, grandes estruturas de pedra utilizadas como túmulos, são exemplificados pela Pedra de Santana na Bahia e o Dólmen de Anicuns em Goiás. Nuragues, construídos para abrigo, empregam pedras talhadas e terra, como visto em exemplos semicônicos. O estudo da arquitetura primitiva é crucial para compreender conceitos essenciais que perduram até os dias atuais, influenciando a criatividade contemporânea e a compreensão das características arquitetônicas ao longo do tempo.
Conclusão
A arquitetura do período Neolítico transcende simplesmente a construção de abrigos; ela encapsula a transição da humanidade de sociedades nômades para sedentárias, evidenciando inovações marcantes. Das cabanas rudimentares às palafitas engenhosas e monumentos megalíticos imponentes, cada estrutura conta uma história única sobre a busca humana por abrigo, significado e conexão com o cosmos. Ao desvendar essas realizações arquitetônicas, não apenas reconhecemos as origens da construção, mas também compreendemos a complexidade das sociedades antigas e suas contribuições duradouras para a história da arquitetura.
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