11. O Estado absolutista

Introdução.

Os Estados absolutistas surgiram da centralização política na Baixa Idade Média, impulsionados por diversos fatores, incluindo crises, desenvolvimento urbano, mudanças culturais e religiosas. No entanto, é importante não considerá-los como uma etapa inevitável na evolução dos Estados Modernos, pois houve variações significativas entre os países europeus ocidentais e entre eles e a Europa Oriental. Neste capítulo, exploraremos a definição e as características do absolutismo em um contexto amplo, com ênfase na comparação dos casos francês, espanhol e português. Também examinaremos a relação entre o fortalecimento dos Estados absolutistas e a expansão marítima, abordando aspectos políticos e econômicos.

1. Contexto histórico: os Estados absolutistas.

Durante a Baixa Idade Média, surgiu a burguesia como uma nova classe social, fortalecendo-se economicamente e politicamente, apesar das restrições da Igreja Católica e da nobreza feudal. Essa classe estabeleceu alianças com os monarcas, visando ao fortalecimento do Estado. A nobreza feudal também desempenhou um papel importante na centralização do poder político.

O absolutismo, nesse contexto, foi uma forma de governo centralizado em que a autoridade do monarca se identificava com o Estado. Esse Estado demonstrava características nacionais, como uma população definida, território, cultura e língua comuns, embora essas características só tenham se tornado explícitas no século XIX. O Estado absolutista era caracterizado por centralização administrativa, burocracia, unificação da justiça e do sistema de medidas, além da formação de um exército profissional.

No aspecto econômico, o Estado absolutista era intervencionista e praticava o protecionismo econômico. No século XVI, ocorreram guerras religiosas que influenciaram as disputas de poder entre os monarcas absolutos, como na França e na Inglaterra.

Na Europa Oriental, o Estado absolutista tinha características diferentes, sendo uma máquina repressiva da classe feudal, consolidando a servidão. Essas características variavam em países como Prússia, Polônia, Áustria, Rússia e Império Otomano.

Além das interpretações tradicionais, a historiografia contemporânea busca compreender as relações informais entre monarcas e súditos, considerando aspectos culturais e sociais das sociedades estudadas, para uma compreensão mais completa do absolutismo.

2. O absolutismo em Portugal, França e Espanha.

O absolutismo em Portugal, França e Espanha teve origens e características distintas. Portugal começou a fortalecer seu Estado centralizado durante a "Reconquista" contra os mouros, resultando em uma monarquia forte que permitiu as grandes empresas marítimas e a conquista do Novo Mundo. A dinastia de Borgonha incentivou a ocupação territorial e a colonização, concedendo liberdade aos servos e regulamentando atividades comerciais.

Na Espanha, a centralização política ocorreu através do casamento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão, com a religião católica desempenhando um papel importante. A "limpeza de sangue" visava criar uma unidade cultural, com a expulsão de judeus e muçulmanos. O absolutismo espanhol foi caracterizado pela expansão territorial, mas também pela limitação interna de poder devido à descentralização administrativa.

Na França, a Guerra dos Cem Anos e as lutas religiosas levaram à necessidade de fortalecer a monarquia. Os Bourbon foram estabelecidos como herdeiros reais, e a unidade política foi alcançada através da centralização do poder real, simbolizada por cerimônias e pela figura do monarca. O poder absoluto na França se desenvolveu no século XVII, com a política dos cardeais Richelieu e Mazarino e o governo de Luís XIV.

Cada um desses países teve seu próprio caminho para o absolutismo, com fatores sociais, políticos e econômicos únicos moldando o desenvolvimento desse sistema de governo.

3. O absolutismo e a expansão marítima.

O absolutismo europeu do século XVI ao XVIII desempenhou um papel importante na expansão marítima e na colonização. Essa expansão foi uma resposta à crise econômica e ao declínio do sistema feudal na Europa Ocidental. O Estado Moderno, com suas práticas absolutistas, desempenhou um papel fundamental na promoção do comércio marítimo, investindo recursos, unificando mercados e eliminando obstáculos para o crescimento econômico.

A política econômica do Estado Moderno, conhecida como mercantilismo, visava fortalecer seu poder por meio da economia. O metalismo e o colonialismo foram elementos-chave desse sistema. O metalismo envolveu a busca por metais preciosos, como ouro e prata, que eram necessários para cunhar moedas e promover o comércio. Isso impulsionou a expansão marítima, com a descoberta de minas de ouro e prata nas Américas.

A colonização da América, África e Ásia configurou um sistema-mundo que deslocou o centro do comércio internacional do Mediterrâneo para o Atlântico e os portos do Mar do Norte. A cobiça por metais preciosos levou à criação de práticas coloniais baseadas no monopólio.

A expansão marítima e a colonização tiveram impactos diferentes na América espanhola e portuguesa. Na América espanhola, a descoberta de minas de ouro e prata levou à exploração forçada dos indígenas e à desarticulação de sua sociedade. Na América portuguesa, a introdução do trabalho escravo africano trouxe lucros significativos para o comércio e o reino português.

Conclusão.

Em resumo, o absolutismo na Europa surgiu da centralização política na Baixa Idade Média, influenciado por fatores como a ascensão da burguesia e alianças com monarcas. No entanto, não foi um desenvolvimento uniforme, variando entre os países europeus e também na Europa Oriental.

Portugal, França e Espanha apresentaram formas distintas de absolutismo. Portugal consolidou seu Estado centralizado durante a Reconquista e promoveu grandes empreendimentos marítimos. A Espanha enfatizou a religião católica e a unidade cultural, enquanto a França alcançou a centralização do poder real no século XVII.

O absolutismo desempenhou um papel crucial na expansão marítima europeia, promovendo o comércio, investindo em recursos e unificando mercados. A política econômica mercantilista visava fortalecer o Estado por meio da economia, impulsionada pelo metalismo e pelo colonialismo.

A colonização da América teve impactos distintos na América espanhola e portuguesa, com exploração forçada de indígenas na primeira e lucros significativos com o trabalho escravo africano na segunda.

Em síntese, o absolutismo europeu e a expansão marítima estiveram interligados, moldando significativamente a história dessa época.

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