14. Adam Smith e o pensamento econômico moderno

 


Introdução.

O pensamento de Adam Smith é notável na história das ideias econômicas e políticas devido à sua crítica ao sistema mercantilista e à introdução de critérios alternativos para medir a riqueza das nações. Influenciado pela Revolução Industrial e mudanças na sociedade inglesa do século XVIII, Smith abordou o liberalismo, o trabalho e suas ideias se tornaram referências para apoiadores e críticos.

Neste capítulo, exploraremos as formulações econômicas e políticas de Adam Smith, incluindo suas críticas ao mercantilismo e sua defesa dos princípios liberais na economia. Também examinaremos sua visão sobre o papel do Estado e como ele se relaciona com o sistema econômico. Além disso, veremos como a fisiocracia influenciou seu pensamento e onde suas ideias se alinham ou se distinguem das dos fisiocratas.

1. Adam Smith e o Estado liberal.

Adam Smith, nascido em 1723 na Escócia, tornou-se um notável filósofo moral e economista. Sua influente obra, "A Teoria dos Sentimentos Morais," publicada em 1759, foi seguida pela revolucionária "Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações" em 1776, que deu origem à economia política como disciplina independente.

Smith é reconhecido por fundar a economia como ciência separada da filosofia, adotando uma abordagem científica, influenciada pelo cientificismo e racionalismo. Antes dele, figuras como David Hume, John Locke e François Quesnay debatiam questões econômicas, mas foi Smith quem estabeleceu as bases da economia moderna.

Seu pensamento estava enraizado nas mudanças econômicas e políticas do século XVIII, incluindo a Revolução Industrial. Smith acreditava que a liberdade e a segurança proporcionadas pela lei eram cruciais para o sucesso econômico. Ele defendia o papel mínimo do Estado na economia, argumentando que as leis naturais regiam os interesses individuais e promoviam a satisfação e o crescimento econômico.

O Estado, segundo Smith, deveria se concentrar em garantir justiça, segurança e obras públicas. Embora muitos o associem ao Estado mínimo e à não intervenção, ele reconhecia que o Estado tinha um papel relevante em situações onde o mercado não poderia fornecer certos serviços, como infraestrutura e educação.

Smith também enfatizava a importância da divisão do trabalho e da acumulação de capital para o crescimento econômico. Para ele, o Estado não deveria criar obstáculos para esses processos naturais que impulsionam a riqueza de uma nação.

Em resumo, Adam Smith é considerado o pai da economia moderna, cujas ideias influenciaram profundamente o pensamento econômico e político. Embora defensor do Estado mínimo em muitos aspectos, ele reconhecia a necessidade de intervenção estatal em certos contextos para promover o bem-estar econômico e social.

2. A concepção econômica de Smith.

Adam Smith, um crítico do mercantilismo, considerava a riqueza de uma nação como resultante da divisão do trabalho e das relações de produção, não apenas do comércio e do acúmulo de metais preciosos, como defendido pelo mercantilismo. Ele argumentava que a especialização do trabalho aumentava a produtividade, permitindo que as pessoas se tornassem mais eficientes em suas atividades.

O mercantilismo, em contraste, centralizava o poder político e promovia práticas como monopólios, tarifas de importação e exportação, e restrições alfandegárias para manter uma balança comercial favorável. Smith criticava essa abordagem, afirmando que ela prejudicava a livre concorrência, a autorregulação dos preços e a expansão da divisão do trabalho.

Smith defendia uma "harmonia natural" entre os interesses individuais e coletivos, onde a busca pelo interesse próprio contribuiria para o bem-estar geral. Ele acreditava que o Estado deveria respeitar as "leis de mercado" e evitar interferências excessivas na economia, argumentando que as forças do mercado eram suficientes para organizar a oferta, a demanda, os preços e as relações de trabalho.

A influência das ideias de Adam Smith na América Latina remonta ao século XVIII, quando suas perspectivas liberais foram introduzidas, particularmente no contexto das lutas contra o colonialismo. Suas ideias também foram traduzidas para o português e utilizadas para legitimar críticas ao monopólio colonial em países como o Brasil.

Em resumo, Adam Smith rejeitou o mercantilismo, defendendo que a riqueza de uma nação se baseia na divisão do trabalho e nas relações de produção. Ele enfatizou a importância da liberdade econômica e da autorregulação do mercado, argumentando que o Estado deve evitar intervenções excessivas na economia para promover o bem-estar geral. Suas ideias tiveram impacto na América Latina e contribuíram para mudanças na mentalidade econômica e política.

3. Os fisiocratas e o pensamento de Smith.

Os fisiocratas, uma corrente de pensamento francesa no século XVIII, criticaram o mercantilismo e enfatizaram a ideia de que a sociedade era governada por leis naturais, nas quais o Estado não deveria intervir. Eles argumentavam que a riqueza de uma nação derivava principalmente da agricultura, considerando o trabalho agrícola como o único realmente produtivo. Alguns de seus principais representantes incluíam Vincent de Gournay, Jacques Turgot e François de Quesnay.

Os fisiocratas promoveram o lema "laissez-faire, laissez-passer" (deixe fazer, deixe passar), defendendo a liberdade econômica, o comércio livre e a não intervenção do Estado na economia. Eles enfatizaram que a produtividade natural da terra era um dom da natureza e que somente o trabalho agrícola era verdadeiramente produtivo.

Adam Smith, por outro lado, criticou os fisiocratas, argumentando que a riqueza de uma nação não derivava apenas da agricultura, mas das relações de produção estabelecidas no campo e, principalmente, do trabalho em si. No entanto, Smith reconheceu a importância das contribuições dos fisiocratas para a economia política, considerando que seu sistema se aproximava da verdade, embora fosse talvez muito restrito em sua ênfase na agricultura.

Embora Smith tenha discordado em parte das visões dos fisiocratas, ele também foi influenciado por elas, adotando a tríade produção-distribuição-consumo para compreender as relações econômicas e promovendo a ideia de livre iniciativa na produção e no comércio. Smith substituiu a "ordem natural" fisiocrática pela "mão invisível" como um conceito-chave em sua teoria econômica.

Conclusão.

Em conclusão, o pensamento de Adam Smith desempenhou um papel significativo na história das ideias econômicas e políticas. Ele criticou o sistema mercantilista e introduziu critérios alternativos para medir a riqueza das nações, enfatizando a importância da divisão do trabalho, da liberdade econômica e da autorregulação do mercado.

Smith defendia um Estado liberal que se concentrava em garantir justiça, segurança e obras públicas, enquanto minimizava sua intervenção na economia. Suas ideias eram influenciadas pelo contexto da Revolução Industrial e mudanças na sociedade inglesa do século XVIII.

Além disso, exploramos a influência da fisiocracia no pensamento de Smith. Os fisiocratas, uma corrente de pensamento francesa, também defendiam a liberdade econômica e a não intervenção do Estado, mas enfatizavam a importância da agricultura como a fonte principal de riqueza.

Embora Smith tenha discordado em parte das visões dos fisiocratas, ele reconheceu a contribuição deles para a economia política e incorporou algumas de suas ideias em sua própria teoria econômica. Em última análise, Adam Smith é considerado o pai da economia moderna, e suas ideias continuam a influenciar o pensamento econômico e político até os dias de hoje.

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