15. A construção dos ideais do liberalismo


Introdução.

O liberalismo originou-se como uma alternativa aos modelos econômicos predominantes na Europa Ocidental durante a Idade Moderna. Este capítulo explora seu surgimento em meio às transformações culturais e históricas da época, especialmente em relação ao declínio do poder absoluto dos monarcas. Além disso, destaca as diferenças entre as teorias liberais e mercantilistas em práticas econômicas e apresenta os principais pensadores do liberalismo clássico na Idade Moderna.

1. O surgimento do liberalismo.

O liberalismo teve suas origens nos séculos XVII e XVIII como uma reação ao Absolutismo e ao mercantilismo na França e na Inglaterra. Ele representava um conjunto de ideias defendido pela crescente burguesia, que estava economicamente poderosa, mas carecia de influência política nos Estados absolutistas. O declínio do poder absoluto foi um fator-chave para o surgimento do liberalismo, que via a separação entre política e moral como essencial.

Os ideais liberais incluíam a defesa da liberdade individual, a preferência por sistemas políticos com separação de poderes, a proteção da propriedade privada e a promoção da concorrência e livre iniciativa para o desenvolvimento do capitalismo. Esses ideais ganharam força durante eventos como a Revolução Gloriosa, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, que moldaram a Europa Ocidental do final do século XVII ao século XIX.

A Revolução Industrial desempenhou um papel significativo no desenvolvimento do liberalismo, já que trouxe crescimento econômico, livre comércio internacional, força de trabalho livre e divisão do trabalho. Além disso, as mudanças nas mentalidades desde o Renascimento e o Iluminismo contribuíram para a ascensão do liberalismo. Reformas religiosas também desempenharam um papel importante, alterando a percepção de juros, lucro e mobilidade social.

Em resumo, o liberalismo emergiu como resposta ao Absolutismo e ao mercantilismo, defendido pela burguesia em ascensão. Ele se desenvolveu ao longo de eventos históricos como a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, buscando atender aos interesses da classe burguesa que se opunha às estruturas do Antigo Regime.

2. Diferenças entre o liberalismo e o mercantilismo.

O mercantilismo foi um conjunto de práticas econômicas na Europa Ocidental durante a Idade Moderna, visando à intervenção estatal para unificar o mercado interno, facilitar o comércio e fortalecer os Estados Nacionais. Isso incluiu o estímulo à manufatura, tarifas alfandegárias, desenvolvimento do colonialismo e criação de monopólios. O termo "mercantilismo" foi cunhado por seus opositores no século XVII, os fisiocratas e liberais.

Os mercantilistas acreditavam que a riqueza dependia do Estado, que controlaria a produção, tributação e o comércio para manter uma balança comercial favorável. Isso levou à busca pela autossuficiência e monopólios, embora muitos comerciantes preferissem relações comerciais amplas.

O liberalismo emergiu como uma reação a essas práticas econômicas, defendendo um Estado mínimo, liberdade individual, separação de poderes, proteção da propriedade privada e livre iniciativa. Ele contestou as visões dos mercantilistas e fisiocratas sobre a fonte da riqueza nacional, argumentando que a riqueza vinha do valor de troca no mercado.

O liberalismo se desenvolveu em um contexto de crescimento econômico, aumento do poder da burguesia e críticas às políticas do Antigo Regime, como monopólios e privilégios para a nobreza e o clero. Ele influenciou revoluções, debates sobre democracia e a concepção de um Estado com poderes separados e independentes.

Em resumo, o liberalismo surgiu como uma resposta ao mercantilismo, promovendo ideais de liberdade, propriedade privada e livre mercado como impulsionadores do progresso econômico dos Estados Modernos.

3. Os pensadores do liberalismo.

Os principais pensadores do liberalismo clássico foram Adam Smith, David Ricardo e Thomas Malthus. Eles basearam suas ideias nos valores da liberdade e do individualismo, contrapondo-se às políticas econômicas mercantilistas e ao absolutismo estatal.

Adam Smith (1723-1790) é considerado o fundador da economia moderna e do liberalismo econômico. Ele defendeu a liberdade comercial e a livre competição, argumentando que isso levaria à inovação tecnológica e ao aumento da produtividade, contribuindo para a riqueza das nações.

David Ricardo (1777-1823) formulou o conceito de vantagem comparativa, demonstrando que o comércio internacional beneficia todos os países envolvidos. Ele também discutiu a relação entre emissão de moeda e inflação, propondo limitar a emissão de papel-moeda.

Thomas Malthus (1766-1834) é conhecido por suas teorias sobre o crescimento populacional. Ele argumentou que a população cresceria em progressão geométrica, enquanto os recursos naturais para sustentá-la cresceriam em progressão aritmética. Malthus defendia políticas de controle populacional para evitar a miséria.

Esses pensadores surgiram em um contexto de profundas transformações na Europa Ocidental, onde as práticas mercantilistas e fisiocratas deram lugar à defesa da industrialização, do trabalho como fonte de riqueza e da autorregulação do mercado. Suas ideias também refletiram o medo das elites europeias em relação ao processo revolucionário francês e suas consequências na distribuição de riqueza e estrutura social. No entanto, muitas de suas previsões não se concretizaram devido às transformações sociais ocorridas com as revoluções burguesas e a Revolução Industrial.

Conclusão.

Em conclusão, o liberalismo surgiu como uma resposta às transformações culturais e históricas da Europa Ocidental durante a Idade Moderna. Ele representou uma alternativa aos modelos econômicos dominantes da época, como o mercantilismo e o absolutismo estatal. O declínio do poder absoluto dos monarcas e o surgimento de uma burguesia economicamente poderosa, mas politicamente marginalizada, foram fatores-chave para o desenvolvimento do liberalismo.

O liberalismo promoveu ideais de liberdade individual, separação de poderes, proteção da propriedade privada e livre mercado como elementos essenciais para o progresso econômico e político dos Estados Modernos. Surgiu em um contexto marcado por eventos históricos significativos, como a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, que moldaram a Europa Ocidental do final do século XVII ao século XIX.

Os pensadores do liberalismo clássico, como Adam Smith, David Ricardo e Thomas Malthus, desempenharam papéis fundamentais na formulação e disseminação desses ideais. Suas teorias se basearam nos valores da liberdade e do individualismo, desafiando as práticas econômicas do Antigo Regime, como o intervencionismo estatal e os monopólios.

Embora muitas das previsões feitas pelos pensadores liberais não tenham se concretizado da maneira que imaginavam, suas ideias tiveram um impacto duradouro na política, economia e filosofia. O liberalismo continuou a evoluir ao longo do tempo, influenciando revoluções, debates sobre democracia e a construção de sociedades modernas baseadas em princípios de liberdade, propriedade privada e livre iniciativa. Portanto, o liberalismo desempenhou um papel crucial na formação do mundo contemporâneo.

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