16. O Iluminismo, o liberalismo e a burguesia

 


Introdução.

A ascensão e o fortalecimento da burguesia desde o final da Baixa Idade Média desencadearam mudanças nas concepções, valores e teorias econômicas e políticas. Isso resultou no desenvolvimento do Iluminismo e do liberalismo clássico, movimentos relacionados ao crescimento da burguesia. Este capítulo abordará o Iluminismo, suas principais características e teóricos, bem como o liberalismo econômico e político, que surgiu em meio às transformações na Europa Ocidental. Exploraremos como o fortalecimento da burguesia se relaciona com o Iluminismo e o liberalismo.

1. O Iluminismo e seus teóricos.

O Iluminismo, um movimento cultural, intelectual e político dos séculos XVII e XVIII, surgiu como crítica ao Antigo Regime e influenciou o desenvolvimento do liberalismo. Esse movimento questionava a autoridade monárquica absoluta, os privilégios do clero e da nobreza, bem como a falta de liberdade econômica. Os iluministas buscavam promover o pensamento crítico e enfatizavam o uso da razão.

O Iluminismo não representava uma única corrente de pensamento, pois seus filósofos tinham múltiplos discursos e frequentemente discordavam entre si. No entanto, algumas características marcantes incluíam a crença em direitos naturais, como igualdade, liberdade e propriedade privada; a defesa da limitação do poder estatal, com a divisão dos poderes; e a valorização da liberdade econômica.

Principais teóricos iluministas e suas contribuições incluem:

Voltaire: Crítico do absolutismo, defensor da liberdade de expressão e da liberdade individual.

Rousseau: Defensor da organização da sociedade civil baseada na vontade popular, criticava as desigualdades sociais e acreditava na educação como forma de aperfeiçoamento dos indivíduos.

Montesquieu: Advogava a separação dos poderes executivo, judiciário e legislativo como meio de evitar governos absolutistas.

René Descartes: Defendia o uso da razão e o questionamento como princípios para alcançar o conhecimento.

Isaac Newton: Contribuiu para a compreensão do universo por meio de leis físicas.

John Locke: Fundador do liberalismo político, defendia o parlamentarismo e a limitação do poder estatal.

Adam Smith: Precursor da economia enquanto ciência, defendia o liberalismo econômico, a livre concorrência e o livre comércio.

Diderot e D'Alembert: Organizaram a Enciclopédia, difundindo os ideais do Iluminismo.

Além disso, havia os "fisiocratas" que acreditavam que a propriedade de terras era a fonte de toda a riqueza e defendiam a autorregulação econômica.

Em resumo, o Iluminismo foi um movimento intelectual que influenciou o desenvolvimento do liberalismo, promovendo ideias de liberdade, igualdade, separação de poderes e liberdade econômica em contraposição ao Antigo Regime.

2. O liberalismo na Idade Moderna.

O liberalismo na Idade Moderna, também conhecido como "liberalismo clássico", surgiu no século XVIII como uma resposta às transformações econômicas e sociais na Europa. Os filósofos iluministas buscaram justificar racionalmente a vida em sociedade e a criação do Estado. Esse movimento teve seu ápice no século XIX e pode ser dividido em liberalismo econômico e liberalismo político.

O liberalismo econômico e político vigorou principalmente na Europa Ocidental e na América Latina até o período entre guerras, quando enfrentou desafios com os regimes fascistas, ressurgindo no final do século XX com o neoliberalismo. A base social desse pensamento era a burguesia, que desejava conquistar o poder político.

No aspecto econômico, o liberalismo preconizava a livre iniciativa e a ausência de intervenção estatal no mercado. No âmbito político, representava uma nova forma de organização do poder, em oposição ao absolutismo. Suas características incluíam a defesa dos direitos naturais, como igualdade, liberdade e propriedade privada, a limitação do poder estatal com a divisão dos poderes e a promoção da liberdade econômica.

Um dos principais expoentes do liberalismo econômico foi Adam Smith, que defendia a liberdade econômica irrestrita e a autorregulação do mercado. Na França, os "fisiocratas" também abraçaram ideias liberais, promovendo a livre iniciativa, a concorrência e o livre mercado.

No campo do liberalismo político, John Locke defendia um Estado que regulasse apenas as relações entre os indivíduos, garantindo liberdades e direitos individuais, como a propriedade privada.

No Brasil e na América Latina, o liberalismo foi adotado pela elite durante o século XIX, mas muitas vezes de forma seletiva, mantendo privilégios e a escravidão. O liberalismo, nesse contexto, era mais associado à luta anticolonialista do que à promoção de liberdades abrangentes.

Em resumo, o liberalismo na Idade Moderna representou uma resposta às transformações econômicas e sociais, com ênfase na liberdade individual, na economia de mercado e na limitação do poder estatal.

3. A burguesia e o Iluminismo.

O Iluminismo está fortemente ligado ao desenvolvimento da burguesia nos séculos XVI, XVII e XVIII, refletindo mudanças desde o Renascimento até a Revolução Científica e as reformas religiosas. Esse movimento cultural, econômico e político se relaciona com a ascensão da economia de mercado, aumentando o poder econômico da burguesia.

O Iluminismo, em sua essência, compartilha muitos princípios do liberalismo clássico, embora nem sempre tenha sido estritamente liberal em termos políticos. Não é correto limitar a associação do Iluminismo com a burguesia, pois suas ideias também se difundiram entre outros setores da sociedade.

O Iluminismo questionou a limitação do poder político da burguesia pelo Antigo Regime e criticou as práticas mercantilistas, incluindo a intervenção governamental na economia e os monopólios. Esse período coincidiu com o crescimento da população, comércio e prosperidade na Europa após uma depressão econômica.

As ideias iluministas tiveram origem na França e na Inglaterra, influenciando a Revolução Francesa e a Revolução Industrial. A revolução cultural resultante difundiu valores como o racionalismo, o individualismo e o controle técnico da natureza, baseados no uso da razão e do conhecimento científico.

O Iluminismo não se limitou apenas à burguesia mercantil, financeira e industrial, abrangendo também a classe média instruída e outros grupos. Além disso, suas ideias influenciaram reformas políticas, sociais e econômicas em vários lugares, moldando a ascensão do capitalismo e promovendo valores de liberdade, igualdade e propriedade privada.

Em resumo, o Iluminismo esteve intrinsicamente ligado à ascensão da burguesia e contribuiu para a disseminação de ideais liberais e de progresso, influenciando transformações políticas e sociais significativas no final do século XVIII e início do século XIX. Suas ideias promoveram a liberdade, o racionalismo e o individualismo, que tiveram um impacto duradouro na história.

Conclusão.

Em conclusão, a interligação entre o Iluminismo, o liberalismo e a ascensão da burguesia na Idade Moderna foi um fator crucial na formação de ideias e movimentos que moldaram profundamente a sociedade e a política da época. O Iluminismo, com sua ênfase na razão, liberdade e igualdade, questionou as estruturas do Antigo Regime e influenciou o surgimento do liberalismo, que defendia a liberdade individual, a limitação do poder estatal e a economia de mercado.

A burguesia desempenhou um papel central nesse contexto, buscando ampliar sua influência política e econômica. Os ideais iluministas, muitas vezes difundidos por intelectuais burgueses, forneceram uma base teórica para suas aspirações de liberdade e progresso. No entanto, é importante notar que o Iluminismo não se limitou à burguesia e suas ideias se espalharam por diferentes camadas da sociedade.

O resultado desse processo foi uma revolução cultural que influenciou não apenas a Europa, mas também outras regiões do mundo. O Iluminismo e o liberalismo ajudaram a impulsionar mudanças políticas, sociais e econômicas significativas, promovendo valores como liberdade, igualdade, separação de poderes e liberdade econômica. Esses ideais continuam a ser fundamentais na política e na sociedade contemporâneas, destacando a duradoura influência desses movimentos na história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário