3. A Idade Moderna: transformações e continuidades

Introdução

O período que abrange o Renascimento Cultural e o Absolutismo na Europa entre os séculos XIV e XVIII foi marcado por profundas transformações nas esferas cultural, artística, científica e política. O Renascimento trouxe consigo uma revolução nas ideias, valorizando o humanismo, a razão e o resgate das influências clássicas. Artistas como Leonardo da Vinci, Rafael Sanzio e Michelangelo deram vida a esse movimento, deixando um legado artístico que perdura até os dias atuais. Paralelamente, o Absolutismo redefiniu as estruturas de poder, centralizando a autoridade nas mãos dos monarcas e dando origem a um novo modelo de Estado. Este período também foi marcado por críticas iluministas que questionaram a legitimidade do poder absoluto, pavimentando o caminho para concepções políticas mais democráticas.

3.1 Renascimento Cultural

O Renascimento Cultural, iniciado no final do século XIV e atingindo seu auge no século XVI, foi um movimento abrangente que transformou diversas áreas do conhecimento, incluindo literatura, filosofia, artes e ciências. Destacam-se figuras como Michelangelo, Leonardo da Vinci e Rafael Sanzio, assim como obras icônicas como a Mona Lisa e a escultura de David.

O Humanismo foi uma característica fundamental desse período, valorizando a capacidade do homem de compreender e intervir na realidade, promovendo o Antropocentrismo em contraste com o Teocentrismo medieval. O Racionalismo também marcou o Renascimento, representando a busca por explicações lógicas para os fenômenos naturais, afastando-se das explicações teológicas.

O Classicismo foi expresso no elogio às sociedades clássicas, Grécia e Roma, que serviram como modelos na arte e na compreensão da realidade. Os renascentistas consideravam-se herdeiros intelectuais dessas civilizações, criticando o período medieval por interromper o desenvolvimento clássico. O Individualismo, uma característica que persistiu na história ocidental, também se destacou nesse movimento.

3.2 Itália: o berço do renascimento

A Itália é considerada o berço do Renascimento Cultural devido a uma série de características distintas. Durante esse período, a Itália era composta por cidades-estado independentes, o que proporcionava dinamismo político e administrativo, estimulando a expressão artística. O desenvolvimento e a vocação comercial dessas cidades permitiam o contato com diversas culturas, contribuindo para uma mentalidade aberta e influências variadas.

O comércio desempenhou um papel crucial, proporcionando a riqueza necessária para o florescimento do Renascimento. Mecenas, que eram indivíduos ou famílias ricas, financiavam os renascentistas italianos. A urbanização da região facilitava o contato entre as pessoas, criando uma sociedade mais adaptada à diversidade e à mudança. Além disso, o ambiente urbano era mais secular, menos vinculado às restrições da Igreja, o que se revelou fundamental para o desenvolvimento desse movimento.

As cidades italianas preservavam resquícios do Império Romano, proporcionando uma fonte rica de inspiração para os artistas. O contato direto com esculturas, arquitetura e obras da época romana era considerado um privilégio, enriquecendo o ambiente cultural das cidades italianas durante o Renascimento.

3.3 A arte renascentista

A arte renascentista, uma das vertentes mais celebradas do Renascimento, foi marcada por pinturas, esculturas e obras arquitetônicas que perduram como referências até os dias atuais. Dentre suas características, destaca-se a presença de temas religiosos, uma vez que a Igreja desempenhava um papel significativo como financiadora dessas obras. No entanto, houve também uma notável ruptura ao abordar a mitologia grega, diversificando a temática artística da época.

A busca pela perfeição estética foi uma obsessão na arte renascentista, visando representar a forma mais bela e refinada do corpo, muitas vezes divergindo da realidade. Essa abordagem revelou uma fusão intrigante entre ciência e arte, exigindo um profundo conhecimento anatômico para alcançar representações precisas. Além disso, outras características, como a proporcionalidade em pinturas e esculturas, o uso de formas geométricas na arquitetura e o desenvolvimento de técnicas inovadoras como o sfumato, enriqueceram esse período artístico. Destacaram-se nesse cenário renomados artistas como Leonardo da Vinci, Donatello, Michelangelo, Rafael Sanzio e Botticelli

3.4 A ciência no renascimento

O Renascimento não apenas testemunhou o destaque de grandes artistas, mas também marcou o início dos primeiros passos da ciência moderna. Ao contrário do período medieval, em que a religiosidade limitava o avanço da ciência, a era moderna estabeleceu bases que perduram em muitos campos científicos atualmente.

Três pontos fundamentais caracterizam a ciência que emergiu nesse período:

Raciocínio: As conclusões baseavam-se na razão, utilizando princípios como lógica e comprovação. Argumentos que envolviam iluminação momentânea ou intervenção divina não eram considerados como fundamentos válidos.

Observação: A necessidade de descrever precisamente um fenômeno era crucial para sua explicação. O princípio da observação permitiu a compreensão detalhada dos diversos elementos da natureza.

Experimentação: A tentativa de reproduzir um fenômeno por meio de experimentos era essencial para comprovar seu funcionamento. Esses processos contribuíram para a formação de teorias gerais sobre o funcionamento de determinados fenômenos.

A ciência no Renascimento não apenas é crucial para compreender esse momento histórico específico, mas também desempenha um papel fundamental na história geral da ciência.

3.5 Absolutismo: o poder nas mãos dos reis.

O absolutismo, um sistema político que concentra o poder nas mãos dos reis, moldou a figura do monarca como detentor final de decisões em seu reino. No período medieval, embora os reis tivessem prestígio, seu poder político não diferia muito dos grandes senhores feudais. Com a transição para a Idade Moderna, desafios como guerras, fome e crises econômicas levaram à necessidade de um Estado mais organizado.

A formação do Estado Moderno implicou na perda gradual de poder pelos senhores feudais em favor do rei. Essa mudança foi motivada por exigências como a necessidade de um exército permanente, a implementação de um sistema fiscal e tributário para sustentar o Estado e a criação de uma burocracia estatal para gerenciar essas mudanças. A Guerra dos Cem Anos revelou a obsolescência do antigo modelo baseado nas forças dos vassalos.

A organização de um novo modelo administrativo também envolveu a cobrança de impostos, afetando principalmente os camponeses, que já arcavam com encargos feudais. A necessidade de uma burocracia estatal eficiente para gerenciar impostos, leis e outras demandas centralizadas contribuiu para o aumento do poder nas mãos dos reis. Luís XIV, da França, tornou-se um símbolo do absolutismo, representando essa era de concentração de poder monárquico.

3.6 Absolutismo: formação e características.

O absolutismo, predominante na Europa entre os séculos XVI e XVIII, caracterizou-se pela centralização do poder político nas mãos dos reis. Cada Estado europeu passou por variações desse modelo, com a Espanha mais ligada à religião e a Inglaterra adotando uma abordagem mais branda. O absolutismo francês é considerado um modelo representativo.

A relação entre burguesia e monarquia foi fundamental para o absolutismo, marcando uma troca de interesses mútuos. A burguesia, ascendendo em influência e finanças devido ao comércio, necessitava de mudanças na economia e política, que estavam fora de seu controle. O monarca, dependendo do apoio financeiro da burguesia, poderia unificar pesos, medidas e moedas, além de resolver questões de infraestrutura e segurança.

Outras características do absolutismo incluem a crescente centralização do poder nas mãos do rei, a concentração de poderes militares, a expansão da burocracia real para garantir obediência às ordens, a alteração da relação entre Estado e Igreja, com a religião se tornando parte do Estado, e a diminuição do poder dos nobres, que se tornaram mais dependentes do rei e do Estado. Durante o absolutismo, o poder do Estado e do rei aumentou, destacando o monarca como o representante central do Estado, com o estabelecimento de vários órgãos estatais e a imposição da ordem como expressão da vontade real.

Conclusão

O Renascimento Cultural e o Absolutismo representam capítulos cruciais na história europeia, delineando uma era de inovação cultural e mudanças políticas. O Renascimento não apenas testemunhou a criação de obras-primas artísticas e avanços científicos, mas também influenciou a maneira como as sociedades percebiam o conhecimento, a estética e a própria natureza humana. Enquanto isso, o Absolutismo, ao concentrar o poder nas mãos dos monarcas, redefiniu as relações políticas e sociais da época. As críticas iluministas, que surgiram como resposta a esse absolutismo, sinalizaram o início de um novo paradigma político, caracterizado pela busca de liberdade, igualdade e separação de poderes. Juntos, esses movimentos e ideias contribuíram para moldar a Europa moderna e deixaram um legado que transcendeu fronteiras e se perpetuou ao longo da história.

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