O século XIX foi um período de transformações profundas, tanto no campo político quanto no cultural. Marcado por eventos como as unificações alemã e italiana e as guerras napoleônicas, esse século ficou conhecido como o "Século das Paixões". Ao mesmo tempo, foi uma época em que a ciência histórica começou a se definir como uma disciplina, influenciada pelo movimento romântico e pelos avanços nas ciências sociais. Este contexto complexo moldou a abordagem dos historiadores, especialmente os da Escola Metódica na França.
1 Um século de paixões e o nascimento da ciência histórica
O século XIX, conhecido como o "Século das Paixões", foi marcado por eventos históricos significativos, como as unificações alemã e italiana, guerras napoleônicas e independências das colônias americanas. O Romantismo, um movimento artístico e filosófico surgido no final do século XVIII, influenciou fortemente essa época, promovendo o nacionalismo e a expressão sentimental. Paralelamente, nesse período, a ciência também começou a se definir como disciplina, com a sociologia e a antropologia sendo reconhecidas como ciências sociais. O positivismo de Auguste Comte contribuiu para a formação da sociologia, enfatizando a observação, experimentação e classificação como métodos científicos. Essas ideias influenciaram historiadores como Leopold von Ranke, estabelecendo a base para a história como uma ciência que busca elementos do passado para construir a identidade nacional, usando fontes primárias como documentos históricos fundamentais.
A consolidação do século XIX como o "Século das Paixões" foi impulsionada pelo movimento romântico, que enfatizava o individualismo e o nacionalismo. Ao mesmo tempo, a revolução científica continuava a se expandir, levando ao reconhecimento das ciências sociais, como a sociologia e a antropologia. O positivismo de Comte desempenhou um papel crucial, estabelecendo a ciência como uma investigação do real por meio da observação e experimentação. Essas ideias influenciaram a abordagem histórica de estudiosos como Leopold von Ranke, transformando a história em uma ciência que buscava no passado elementos para a construção da unidade nacional. O tratamento rigoroso das fontes primárias tornou-se essencial, levando historiadores a vasculhar arquivos em busca de documentos autênticos para fundamentar suas pesquisas, marcando assim o desenvolvimento da ciência histórica no século XIX.
2 A escola metódica e seu método: uma história “patriota"
A Escola Metódica, formada na França no século XIX com nomes como Charles-Victor Langlois e Charles Seignobos, foi impulsionada por uma forte inclinação patriótica. Em um período pós-revolucionário, essa escola buscava criar um modelo de história baseado na ciência, reconciliando-se com um passado distante para fornecer um novo elemento de unidade nacional. Esse sentimento de unidade nacional também era evidente durante as unificações da Alemanha e Itália, onde mitos fundadores foram resgatados para criar uma narrativa unificadora. A Escola Metódica, influenciada pelo positivismo de Auguste Comte e figuras como Leopold von Ranke, enfatizava o uso de fontes primárias, a narrativa objetiva e a neutralidade, buscando estabelecer uma história científica e nacionalista.
Durante o século XIX, a Escola Metódica francesa, liderada por figuras como Langlois e Seignobos, refletiu um forte sentimento patriótico na busca por uma história científica e nacional. Contextualizada na França pós-revolucionária, essa abordagem histórica procurou reconciliar-se com o passado e contribuir para a unidade nacional. Similarmente, durante as unificações da Alemanha e Itália, a criação de uma narrativa unificadora baseada em mitos fundadores foi essencial. Sob a influência do positivismo de Comte e figuras como Leopold von Ranke, a Escola Metódica enfatizava o uso rigoroso de fontes primárias, a objetividade na narrativa histórica e a neutralidade, estabelecendo assim os fundamentos para uma história científica e nacionalista.
3 Uma ciência de homens no seu tempo
A Escola Metódica, influenciada pelo historicismo alemão e liderada por figuras como Langlois e Seignobos na França do século XIX, moldou a história como uma ciência dos homens em seu tempo. Fundamentada na abordagem de fontes primárias e na política, essa escola buscou criar uma narrativa histórica que promovesse a unidade nacional. Inspirados por pensadores como Ranke e Comte, os historiadores metódicos criticaram o modelo de "História Mestra da Vida", que enfatizava comportamentos exemplares, optando por uma abordagem analítica e científica.
Contudo, a Escola Metódica enfrentou críticas, especialmente do sociólogo Simiand e dos fundadores da Escola dos Annales, Bloch e Febvre. Simiand questionou a ênfase política, individual e cronológica dos historiadores metódicos, enquanto Bloch e Febvre, traumatizados pela Primeira Guerra Mundial, culparam o modelo nacionalista e político defendido pela Escola Metódica por tragédias como a guerra. As críticas destacaram a necessidade de uma nova abordagem histórica, levando ao surgimento de uma "nova história" que buscava uma compreensão abrangente e profunda da sociedade, dando origem à ideia de uma História Total, após o final da Primeira Guerra Mundial.
Conclusão
A Escola Metódica, liderada por figuras como Charles-Victor Langlois e Charles Seignobos, desempenhou um papel crucial na consolidação da história como uma ciência. Influenciados pelo positivismo de Auguste Comte e pelo historicismo alemão, esses historiadores buscaram uma narrativa objetiva e baseada em fontes primárias, contribuindo para a construção da identidade nacional francesa. No entanto, as críticas e os desafios, especialmente aqueles levantados pelos membros da Escola dos Annales após a Primeira Guerra Mundial, levaram a uma reavaliação das abordagens históricas.
A história, como disciplina, evoluiu significativamente desde o século XIX, incorporando diversas perspectivas e métodos. A busca por uma compreensão mais profunda e abrangente da sociedade, considerando não apenas eventos políticos, mas também aspectos sociais, culturais e econômicos, tornou-se uma meta central para os historiadores modernos. Assim, a Escola Metódica e suas contribuições são parte integrante da rica tapeçaria da historiografia, representando um capítulo importante na jornada contínua da história como ciência.
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