8. Aristóteles

Introdução

 O diálogo filosófico entre Platão e Aristóteles, personificado na obra "A Escola de Atenas" de Rafael Sanzio, reflete abordagens distintas sobre a busca pelo conhecimento e compreensão da realidade. A influência de Platão destaca a importância da reflexão e da razão, enquanto Aristóteles enfatiza a observação detalhada e a identificação das causas para entender a verdadeira natureza das coisas.

8.1. O que é a realidade?

O quadro "A Escola de Atenas" de Rafael Sanzio representa um antigo debate filosófico entre Platão e Aristóteles sobre como obter conhecimento sobre a realidade e descobrir a verdade. Platão, representado pela figura mais velha apontando para cima, defende a reflexão e a racionalidade para conhecer ideias verdadeiras. Por outro lado, Aristóteles, simbolizado pela figura mais jovial apontando para baixo, destaca a importância da observação detalhada das regularidades da realidade para um conhecimento seguro. Aristóteles, discípulo de Platão, critica algumas das bases do pensamento platônico e influencia diversas áreas do conhecimento, enfatizando a necessidade de integrar a percepção do mundo sensível com um conhecimento mais aprofundado para compreender a verdadeira natureza da realidade.

8.2. Como as coisas se tornam o que são?

Seguindo o método aristotélico, a compreensão da realidade envolve a identificação das causas das coisas e fenômenos observados. Aristóteles postula a existência de uma "causa incausada original" ou um "Motor Imóvel" como a causa inicial de tudo. Essa abordagem influencia tanto a filosofia cristã, adaptando-a ao monoteísmo cristão, quanto a atividade científica, que busca entender as relações causais nos fenômenos naturais. A visão aristotélica destaca a capacidade humana de compreender e utilizar os processos naturais a nosso favor, como evidenciado na previsão do tempo.

Além disso, Aristóteles desenvolve a lógica como uma ferramenta analítica para compreender o raciocínio e a linguagem, contribuindo para a construção argumentativa sólida. A lógica aristotélica, baseada em silogismos, auxilia na elaboração de raciocínios estruturados sobre o mundo, garantindo que as conclusões estejam fundamentadas nas premissas do argumento.

8.3. A finalidade do Humano.

Aristóteles, seguindo suas concepções, atribui finalidade a tudo que existe, incluindo a natureza humana. Enquanto a liberdade humana pode sugerir a ausência de uma finalidade determinada, para Aristóteles, a existência humana visa à eudaimonia, traduzida como felicidade, abrangendo realização e satisfação na vida, sem especificar elementos particulares. Embora a ideia contemporânea de felicidade inclua frequentemente realizações materiais, ela ainda reflete a hipótese aristotélica.

Aristóteles identifica os seres humanos como "animais políticos" (zoón politikón), destacando a importância da vida em sociedade para alcançar a plenitude. Ao contrário de Platão, Aristóteles não busca uma pólis ideal, mas uma sociedade realizável que permita o florescimento humano. Como seres sociais, os humanos são capazes de organizar-se e deliberar sobre formas de convivência, buscando conhecer a realidade para melhorar a vida em conjunto.

Conclusão

A abordagem de Aristóteles, centrada nas causas e na observação meticulosa da realidade, contribui significativamente para a filosofia e para o desenvolvimento científico. Sua ênfase na finalidade humana, buscando a eudaimonia dentro da vida em sociedade, ressoa ainda nos debates contemporâneos sobre o propósito da existência humana. O diálogo entre Platão e Aristóteles continua a inspirar pensadores e a influenciar diversas áreas do conhecimento, destacando a riqueza da busca filosófica pela compreensão da realidade.

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