Metodologia do Ensino de História - 3 O ensino de História em discussão: os parâmetros curriculares nacionais

 

Introdução

A escola, além de ser um ambiente de aprendizado formal, desempenha um papel crucial na produção da História, moldando a compreensão dos alunos sobre o passado e o presente. A escolha de conteúdos e métodos no ensino de História reflete diretamente na construção do saber histórico escolar. Os Parâmetros Curriculares Nacionais buscam ampliar essa visão, enfatizando a conexão entre a História e as vivências locais, promovendo a autonomia do conhecimento histórico. Nesse contexto, a transposição didática, realizada pelos professores, é essencial para integrar o saber acadêmico à realidade da sala de aula, contribuindo para a formação crítica e analítica dos estudantes.

1 A escola é lugar de produção da História

O ensino de História na escola envolve a seleção cuidadosa de conteúdos e métodos. Enquanto os materiais didáticos tradicionais adotam uma abordagem quadripartite da História, os Parâmetros Curriculares Nacionais sugerem uma visão mais ampla, destacando vivências e o cotidiano das comunidades locais. A proposta é construir autonomamente o conhecimento histórico, promovendo a capacidade dos alunos de questionar a realidade e desenvolver habilidades analíticas.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais orientam a adoção de eixos temáticos, buscando uma História conceitual que relacione exemplos históricos com a realidade dos alunos. A escolha de conteúdos relevantes é baseada em problemáticas locais, conectando as vivências das crianças e escolas com contextos regionais, nacionais e mundiais. Essa abordagem visa fornecer um repertório intelectual e cultural, permitindo que os alunos compreendam e se identifiquem com diversas formas de relações sociais, contribuindo para uma visão abrangente da História que valoriza os acontecimentos do cotidiano e a diversidade cultural.

2 A produção científica da História e a “transposição didática”

A produção do saber histórico, gerada nas instituições universitárias, é integrada ao conhecimento histórico escolar por meio da "transposição didática". Esse processo envolve a adaptação e aplicação adequada do conhecimento acadêmico na sala de aula, sendo o professor um intermediário crucial nesse processo. O professor desempenha um papel fundamental na transformação do saber ensinado em saber aprendido, contribuindo para a construção do conhecimento no ambiente escolar.

Embora a transposição didática envolva a adaptação do conhecimento acadêmico, Guimarães destaca a importância da criatividade e da perspectiva crítica do professor nesse processo. A estruturação do currículo de História reflete opções, tensões e relações de poder, sendo um processo dinâmico que envolve formuladores de políticas públicas, pesquisadores, autores de materiais educacionais e, especialmente, os professores. O "saber docente" é construído em relação ao ambiente escolar, à comunidade e em articulação com outros campos do saber, podendo se tornar um conhecimento autônomo em relação ao produzido na universidade, resultando no saber histórico escolar.

3 O saber histórico escolar como disciplina autônoma

A construção do saber histórico escolar como disciplina autônoma visa destacar a perspectiva da ação histórica no cotidiano dos alunos, evidenciando que os sujeitos da história são indivíduos comuns, não dotados de capacidades excepcionais. A proposta destaca que a vida cotidiana é rica em ações humanas individuais e suas repercussões sociais, constituindo material valioso para a compreensão histórica.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a autonomia do saber histórico escolar é alcançada quando os conhecimentos históricos contribuem para a reflexão sobre as vivências e produções humanas no espaço de convívio direto dos alunos e nas organizações sociais de diferentes tempos e espaços. A abordagem preconizada pelos PCN enfatiza estudos críticos e reflexivos, destacando permanências, mudanças, diferenças e semelhanças nas vivências coletivas, sem adotar uma perspectiva evolutiva linear.

O papel essencial do professor como mediador é ressaltado, sendo sua responsabilidade integrar os estudos sobre as relações entre presente e passado, local, regional, nacional e mundial. A proposta é iniciar os estudos a partir de realidades locais, ampliá-los para dimensões históricas e espaciais diversas e, por fim, retornar ao local, desvendando, desconstruindo e reconstruindo suas complexidades.

Conclusão

A produção do saber histórico na escola é uma tarefa complexa que envolve escolhas, tensões e adaptações. A transposição didática, realizada pelos professores, é um processo dinâmico que transforma o conhecimento acadêmico em um saber acessível e relevante para os alunos. A busca pela autonomia do saber histórico escolar destaca a importância de uma abordagem crítica e reflexiva, conectando o passado com as vivências cotidianas dos alunos. O professor, como mediador, desempenha um papel central nesse processo, integrando estudos sobre diferentes tempos e espaços, promovendo uma compreensão abrangente e contextualizada da História.

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