Introdução
O século XIX foi um período de efervescência intelectual, marcado pelo surgimento de diversas correntes de pensamento que moldaram não apenas a filosofia, mas também a sociologia e a historiografia. O positivismo, introduzido por Auguste Comte, defendia a aplicação do método científico às ciências sociais, enquanto o conservadorismo surgia como resposta às transformações radicais da época, promovendo a preservação de valores e tradições. Essas ideias influenciaram não apenas a forma como a sociedade era percebida, mas também a maneira como a história era escrita e compreendida.
1 O positivismo e as correntes conservadoras
O século XIX foi um período marcado pelo surgimento de diversas correntes de pensamento, cada uma com suas próprias visões sobre a sociedade e a história. O positivismo, introduzido por Auguste Comte, propunha a sociologia como uma ciência que investigava as leis fundamentais dos fenômenos sociais. Comte defendia um governo forte e autoritário para manter a ordem na sociedade, acreditando que isso levaria ao progresso. Ele também desenvolveu a "lei dos três estados", que explicava o desenvolvimento da inteligência humana em estágios teológicos, metafísicos e positivos.
Paralelamente, o idealismo alemão, liderado por filósofos como Kant e Hegel, explorava as relações entre sujeito e objeto, questionando a influência do observador na compreensão da realidade. Enquanto isso, o romantismo, caracterizado pelo subjetivismo e pela emoção, surgiu como uma reação às transformações sociais da Revolução Industrial e da Revolução Francesa. No contexto histórico, historiadores românticos como Guizot e Michelet buscaram nas raízes medievais a identidade nacional da França, em resposta aos desafios da revolução.
O historicismo, por sua vez, enfatizou a importância do passado e defendeu a preservação de tradições e valores culturais. Wilhelm Dilthey, um proeminente representante do historicismo, diferenciou as ciências humanas das naturais, argumentando que as primeiras eram ciências interpretativas que não poderiam seguir o modelo das últimas. Apesar das diferenças entre essas correntes, todas contribuíram para moldar as abordagens contemporâneas às ciências humanas e à história, destacando a complexidade do entendimento humano e da sociedade.
2 O conservadorismo como objeto da sociologia
O conservadorismo é uma ideologia que surge como reação às transformações políticas, sociais e econômicas no Ocidente no final do século XVIII e início do século XIX, especialmente após a Revolução Francesa e a Revolução Industrial. Esta corrente defende a importância das tradições, dos costumes e dos valores sociais estabelecidos ao longo do tempo, opondo-se a mudanças rápidas e radicais na sociedade. Edmund Burke e Alexis de Tocqueville foram figuras-chave do conservadorismo, expressando preocupações sobre a estabilidade social e a manutenção da ordem em face de ideais igualitários revolucionários.
Sociologicamente, o conservadorismo pode ser interpretado de diferentes maneiras. Algumas visões consideram-no como um pragmatismo político, incorporando ideias úteis em seu programa. Outra perspectiva, chamada situacional, ocorre quando uma força política institucionalizada defende uma postura defensiva contra mudanças que possam ameaçar seu poder. Além disso, há uma perspectiva habitual, que vê o conservadorismo como algo inerente à natureza humana. Existem também diferentes correntes dentro do conservadorismo, como o tradicionalismo, que valoriza as convenções sociais e vê a desigualdade como natural; o romantismo, que idealiza um passado supostamente melhor e mais simples; e o conservadorismo liberal, que aceita valores do liberalismo clássico, como individualismo e propriedade privada.
3 O positivismo e a histórica científica do século XIX
O século XIX, conhecido como o "século burguês", testemunhou a ascensão da burguesia como classe dominante e uma revolução nas ciências e na tecnologia. Nesse contexto, o positivismo, uma influente corrente de pensamento, moldou a produção intelectual e histórica desse período. A historiografia, seguindo os preceitos positivistas, adotou uma abordagem científica sob a liderança do historiador alemão Leopold von Ranke, enfocando eventos políticos e militares. Embora essa abordagem tenha valorizado o uso de fontes primárias e promovido uma crítica rigorosa dos documentos, também restringiu a história à narrativa de eventos históricos. A influência do positivismo continuou no século XX, especialmente na França, mas foi posteriormente desafiada por outras correntes historiográficas, que diversificaram e enriqueceram o campo da história.
Conclusão
O positivismo e as correntes conservadoras do século XIX deixaram um legado duradouro nas ciências sociais e na historiografia. O método científico aplicado à sociologia trouxe uma abordagem mais objetiva para entender a sociedade, enquanto o conservadorismo destacou a importância da estabilidade social em face das rápidas mudanças. A historiografia, sob a influência dessas correntes, inicialmente focou em eventos políticos e militares, mas ao longo do tempo, foi enriquecida por diversas perspectivas, diversificando o entendimento do passado. O diálogo contínuo entre essas correntes e outras escolas de pensamento tem contribuído para uma compreensão mais completa e nuanceada da história e da sociedade. A interseção entre o positivismo, o conservadorismo e outras correntes filosóficas continua a ser um campo fértil para estudos e reflexões, desafiando e enriquecendo nossa compreensão do mundo que nos rodeia.
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