Metodologia do Ensino de História - 9 Ensino de história geral e possibilidades didáticas

 

Introdução

A reflexão sobre uma "nova Idade Antiga" propõe uma reavaliação da percepção do tempo, desafiando concepções tradicionais e buscando uma abordagem mais dinâmica. Ao questionar a fragmentação histórica, o ensino pode adotar uma visão holística, conectando diferentes períodos e disciplinas. Este texto explora a necessidade de superar noções monolíticas, promovendo uma compreensão mais profunda e relevante da história para as gerações atuais.

1 Por uma “nova Idade Antiga”?

O conceito de uma "nova Idade Antiga" é intrinsecamente incoerente, uma vez que não é possível recriar o passado. No entanto, o título sugere uma reflexão sobre a percepção do tempo, indo além das concepções tradicionais. O presente é um ponto fugaz, como destacado por Marc Bloch, e a abordagem da Escola de Annales propõe uma compreensão da história não apenas como o estudo do tempo, mas das ações humanas ao longo do tempo, incorporando diversas disciplinas.

O desafio no ensino de história inclui superar noções monolíticas e adotar abordagens transversais. A aplicação do diagrama de Venn, utilizado na matemática, pode ajudar a representar relações entre conjuntos numéricos, e ao aplicá-lo à história, pode-se visualizar as interconexões e permanências entre diferentes conceitos e períodos. Propõe-se uma revisão no ensino de história antiga, reconhecendo elementos como o Cristianismo, a língua, a filosofia e o direito como fios condutores ao longo dos anos, buscando uma abordagem mais relevante para as gerações atuais.

Além disso, a análise comparativa entre a produção científica contemporânea e os saberes antigos, como os mesopotâmicos, permite compreender a continuidade de noções espaciais e anatômicas. Ao abordar temas como educação na Grécia e na Roma antigas, ou a evolução do esporte, como o futebol, é possível entender a dinâmica das sociedades ao longo do tempo. A conclusão destaca a importância de uma abordagem holística e não limitada na compreensão do tempo e da história.

2 Afinal, qual é a Idade das Trevas?

A Idade das Trevas, ao ser analisada sob a perspectiva do ensino como um elemento de poder, revela a necessidade de reexame nas práticas educacionais, especialmente no ensino de história. Questionamentos sobre a relevância do aprendizado histórico em um contexto de encurtamento temporal reforçam a necessidade de repensar e atualizar o ensino da disciplina. É crucial superar equívocos comuns, como associar automaticamente termos como feudal, medieval e obscurantista a atraso, e questionar a concepção da Idade Média, considerando suas nuances e conexões com outras eras.

A abordagem fragmentada do ensino, dividindo períodos históricos em "caixas" separadas, contribui para mal-entendidos. A ênfase na dicotomia entre Idade Média e Idade Moderna, como se esta última representasse a superação do obscurantismo medieval, é questionada. A compreensão da história requer uma visão mais integrada, reconhecendo a continuidade, as transformações e as complexidades que permeiam diferentes eras.

A reflexão estende-se à necessidade de os educadores possuírem conhecimento interdisciplinar, abrangendo filosofia, sociologia, artes e literatura. Além disso, destaca-se a influência da narrativa histórica popularizada em produções de entretenimento, como séries e filmes, na compreensão do passado. A análise da série "Ascensão: Império Otomano" ressalta a importância do espetáculo e da criticidade ao abordar eventos históricos, oferecendo diferentes perspectivas e contextualizando contribuições culturais e tecnológicas.

3 História líquida? A questão da história nos tempos das mudanças

No contexto das mudanças dos séculos XX e XXI, é essencial reavaliar as estruturas que compõem a sociedade contemporânea, considerando valores culturais em sintonia com a mobilidade social. Segundo Vigotsky, a mediação é crucial na interação social e na construção da cognição, destacando a importância da linguagem e das formas de expressão. O papel do educador, como mediador, é transformar informação em conhecimento, promovendo a compreensão do real e a formação da concretude.

Diante das discussões sobre uma história do tempo presente, Anthony Giddens contesta a noção de pós-modernidade, argumentando que a modernidade deixou uma crença em valores universais. A aceleração das transformações tecnológicas, evidenciada pela pandemia de Covid-19, revela um descompasso entre a ação de educar e a de aprender, com implicações na multiplicidade de tarefas e na posse do aparelho eletrônico.

O desafio de lecionar história na era do presenteísmo e da velocidade envolve a dicotomia entre informação e conhecimento. A linguagem, embora imperfeita, desafia a compreensão completa dos fenômenos, sendo amplamente mediada por memes na cultura digital. Esses, ao mesmo tempo que expressam mudanças geracionais e efemeridade, contribuem para a dicotomia entre excesso de informação e superficialidade do conhecimento. O ensino de história, portanto, busca despertar uma compreensão do homem no tempo e formar uma identidade histórica.

Conclusão

O desafio do ensino de história não apenas envolve a transmissão de conteúdo, mas a promoção da criticidade e a compreensão contextualizada do tempo. A revisão nas práticas educacionais, a integração interdisciplinar e a adoção de metodologias inovadoras são fundamentais. O reconhecimento da continuidade, transformações e complexidades históricas é essencial para construir uma visão integrada do passado. A formação do olhar histórico busca não apenas informar, mas formar cidadãos críticos, capazes de compreender a complexidade dos eventos ao longo do tempo.

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