História do Brasil República - 6 Os governos de Wenceslau Brás e Epitácio Pessoa

Introdução

Os governos de Wenceslau Brás e seu sucessor, Epitácio Pessoa, foram caracterizados por desafios significativos e mudanças sociais no Brasil. Wenceslau Brás liderou o país durante a Primeira Guerra Mundial, tentando inicialmente manter uma posição neutra, mas acabou declarando guerra ao Império Alemão, embora a participação brasileira tenha sido limitada. Enfrentou ainda a greve geral de 1917 e o surto de gripe espanhola em 1918. Já no mandato de Epitácio Pessoa, medidas restritivas foram implementadas para conter a organização sindical, refletindo as tensões entre as classes proprietárias e os trabalhadores. Este capítulo explora esses eventos, incluindo o surto industrial na Primeira República, as razões para a entrada do Brasil na guerra e os principais acontecimentos do governo de Epitácio Pessoa. 

O governo de Wenceslau Brás

Wenceslau Brás, presidente do Brasil de 1914 a 1918, originário de Minas Gerais, teve uma trajetória política ascendente, iniciando como promotor e alcançando a presidência do estado de Minas antes de se tornar presidente do país. Seu mandato foi marcado pela entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial em 1917, após tentativas de neutralidade. Enfrentou desafios como a disputa política no Rio de Janeiro e a Guerra do Contestado. Adotou medidas econômicas para enfrentar a crise global, estimulando a indústria e criando o Comissariado de Alimentação para controlar preços durante a guerra.

O governo de Wenceslau Brás presenciou o surto industrial no Brasil, impulsionado pela crise internacional e pela expansão das exportações de café. Esse período também foi marcado pela greve geral de 1917 em São Paulo, onde operários buscavam melhores condições de trabalho e salários. A repressão governamental foi intensa, mas concessões patronais e ações repressivas enfraqueceram o movimento. Além disso, o governo enfrentou a pandemia de gripe espanhola em 1918, causando significativo impacto no país, com aproximadamente 35 mil mortes, crises no fornecimento de alimentos e medicamentos, e paralisação de setores sociais.

O presidente Wenceslau Brás buscou conter a propagação da gripe, implementando medidas como postos de atendimento médico. A pandemia afetou diversas regiões do Brasil, atingindo todos os estratos sociais, mas impactando mais severamente a população pobre. O contexto foi agravado pela morte do presidente eleito Rodrigues Alves, vítima da gripe antes de assumir o cargo em 1918.

O Brasil na Primeira Guerra Mundial

O Brasil, inicialmente neutro, teve sua posição na Primeira Guerra Mundial marcada por debates intensos entre germanófilos e aliadófilos na intelectualidade brasileira. Enquanto os primeiros defendiam a aliança com a Alemanha, os segundos acreditavam nas vantagens de apoiar os países aliados. O presidente Wenceslau Brás, mesmo rompendo relações comerciais com a Alemanha em 1917, manteve a neutralidade. No entanto, após incidentes, como o torpedeamento do navio Macau, o Brasil declarou guerra à Alemanha em outubro de 1917.

A participação efetiva do Brasil na guerra foi limitada devido a recursos escassos. A contribuição brasileira incluiu envio de navios de combate, uma divisão naval, aviadores e uma missão médica. No entanto, a gripe espanhola teve um impacto devastador, causando a morte de mais de 150 tripulantes dos navios brasileiros. A maior contribuição ocorreu com a Missão Médica que atuou em Paris até o final da guerra, composta por médicos brasileiros que trabalharam no hospital franco-brasileiro.

O governo de Epitácio Pessoa

O governo de Epitácio Pessoa foi marcado por desafios significativos. Originário da Paraíba, Epitácio Pessoa teve uma trajetória política notável antes de assumir a presidência em 1919. Durante seu governo, enfrentou questões trabalhistas, reprimindo movimentos anarquistas e buscando soluções para a instabilidade econômica e social. Sua participação na Conferência de Paz de Versalhes e as comemorações do centenário da independência do Brasil foram eventos marcantes. No entanto, o período também testemunhou a Revolta do Forte de Copacabana e a emergência do tenentismo, indicando a agitação política e militar da época.

Epitácio Pessoa demonstrou preocupação com as condições de trabalho e inflação, mas suas tentativas de legislação trabalhista enfrentaram obstáculos, contribuindo para intensificar os movimentos grevistas. A imposição da "Lei Adolfo Gordo" para reprimir o anarquismo refletiu a abordagem autoritária diante das tensões sociais. Além disso, a sucessão presidencial e a eleição de Artur Bernardes provocaram instabilidade, culminando na Revolta do Forte de Copacabana, um marco no tenentismo. As comemorações do centenário da independência, embora tenham sido uma vitrine internacional, não apagaram os conflitos e desafios enfrentados durante o governo de Epitácio Pessoa.

Conclusão

Os governos de Wenceslau Brás e Epitácio Pessoa, no período pós-Primeira Guerra Mundial, foram marcados por desafios políticos, sociais e econômicos que moldaram significativamente o panorama brasileiro na Primeira República. Wenceslau Brás, ao liderar o país durante a Grande Guerra, enfrentou dilemas complexos em relação à neutralidade, acabando por declarar guerra ao Império Alemão em 1917. Seu governo testemunhou o surto industrial, greves significativas, como a de 1917, e a devastadora pandemia de gripe espanhola.

A entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial refletiu as tensões internas entre germanófilos e aliadófilos, culminando na decisão de romper relações comerciais e, eventualmente, declarar guerra à Alemanha. A contribuição brasileira, embora limitada por recursos escassos, incluiu envio de navios, uma divisão naval, aviadores e uma missão médica. No entanto, a gripe espanhola teve um impacto significativo, sublinhando as vulnerabilidades do país.

O governo de Epitácio Pessoa sucedeu a esse período desafiador, mas também enfrentou seus próprios dilemas. Sua administração, marcada por medidas restritivas contra organizações sindicais, revelou as tensões entre classes proprietárias e trabalhadores. A repressão a movimentos anarquistas, como evidenciado pela "Lei Adolfo Gordo," mostrou uma abordagem autoritária para lidar com as crescentes agitações sociais.

A Revolta do Forte de Copacabana e a emergência do tenentismo demonstraram a insatisfação militar com a ordem estabelecida. As comemorações do centenário da independência foram eclipsadas pelos conflitos internos, destacando a complexidade e a instabilidade políticas durante esse período.

Em suma, os governos de Wenceslau Brás e Epitácio Pessoa refletem um capítulo tumultuado na história brasileira, onde desafios nacionais e internacionais moldaram o destino da nação. O surto industrial, a participação na Primeira Guerra Mundial, a pandemia de gripe espanhola e as agitações sociais proporcionaram um cenário complexo e multifacetado, caracterizando a Primeira República como uma época de transformações e contradições profundas no Brasil.

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