Introdução:
Em 1910, o Marechal Hermes da Fonseca assumiu a presidência do Brasil, trazendo os militares de volta ao poder. Seu governo foi marcado pela intervenção nos estados, visando controlar politicamente regiões tradicionalmente dominadas por oligarquias. A "política das salvações" foi empregada, alegando combater a corrupção ao nomear políticos de confiança nos governos estaduais. Durante seu mandato, destacam-se eventos significativos como a Revolta da Chibata, revelando a persistência do racismo em uma sociedade pós-escravista, e a Guerra do Contestado, uma revolta que entrelaçou política e crenças messiânicas na história brasileira.
Neste capítulo, exploraremos as principais características do governo de Hermes da Fonseca, proporcionando insights sobre o contexto que propiciou a Revolta da Chibata. Ademais, abordaremos as motivações e consequências da Guerra do Contestado.
Hermes da Fonseca e a volta dos militares à presidência
Hermes da Fonseca venceu a eleição presidencial de 1910, protagonizando um embate entre dois projetos políticos opostos. Rui Barbosa defendia a predominância do poder civil sobre os militares, enquanto Hermes buscava revitalizar a política da República da Espada. Destacando-se ao defender Floriano Peixoto durante a Revolta da Armada, Fonseca ascendeu politicamente, ocupando cargos importantes, como Ministro da Guerra no governo de Afonso Pena.
A Revolta da Chibata e a Guerra do Contestado marcam seu governo. A política de Hermes visava modernizar as Forças Armadas, evidenciada por uma missão à Europa para aprender sobre estratégias militares. Seu governo enfrentou desafios sociais, respondendo ao crescimento da classe operária com a construção de moradias populares, um pioneirismo refletido no Decreto nº 2.407. Contudo, a "política das salvações" visava substituir oligarquias no poder, provocando conflitos estaduais.
Apesar dessas ações, o governo de Hermes da Fonseca não resultou em transformações revolucionárias, mantendo-se um revezamento entre oligarcas. Além disso, sua gestão foi marcada pelos conflitos sociais e políticos, representados pela Revolta da Chibata e pela Guerra do Contestado, temas abordados nas próximas seções.
A Revolta da Chibata
A Revolta da Chibata, ocorrida em 1910 durante a Primeira República no Brasil, foi um levante protagonizado por marinheiros de baixa patente, liderados por João Cândido, conhecido como "Almirante Negro". A revolta foi motivada pelos castigos corporais brutais, especialmente as chibatadas, impostos aos marinheiros negros, apesar da abolição da escravidão há mais de 20 anos. A situação de violência e desigualdade social levou os marinheiros a se rebelarem, assumindo o controle de várias embarcações na baía de Guanabara.
Os rebeldes demandaram o fim das chibatadas e anistia para os participantes da revolta, ameaçando bombardear a cidade do Rio de Janeiro caso suas exigências não fossem atendidas. Diante do impasse, o governo teve que decidir entre negociar e arriscar legitimar futuros levantes ou resistir e enfrentar a possibilidade de um bombardeio. A anistia foi concedida, encerrando a revolta, mas o governo não cumpriu sua promessa, resultando em novos confrontos, repressão e mortes. A revolta destaca as persistências do racismo e da violência institucional mesmo após a abolição da escravidão, evidenciando a complexidade social e política da Primeira República no Brasil.
A Guerra do Contestado
A Guerra do Contestado, iniciada em 1912 em Santa Catarina, teve origem em disputas territoriais entre os estados de Santa Catarina e Paraná. Além das questões de fronteira, o conflito revelou-se como uma das maiores revoltas sociais camponesas na história do Brasil. O embate começou quando um grupo liderado por José Maria, um curandeiro local, se reuniu, atraindo seguidores. A repressão dos governos estaduais e do federal intensificou o conflito, e a morte de José Maria deu origem a um culto messiânico que cresceu rapidamente, envolvendo diversos grupos sociais. A guerra só foi encerrada em 1916, com a prisão do último líder, marcando a região do Contestado como palco de intensos embates sociais e territoriais.
A Revolta da Chibata e a Guerra do Contestado são eventos significativos do governo de Hermes da Fonseca, marcando uma era de contradições sociais no Brasil. A Revolta da Chibata reflete a violência e desigualdade persistente, enquanto o Contestado revela as tensões territoriais e sociais que culminaram em um conflito camponês de grande escala. Ambos destacam as complexidades do período militarista de Hermes da Fonseca, ressaltando a presença contínua dos militares na política brasileira e os debates em torno de sua legitimidade.
Conclusão
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