História do Brasil República - 4 Os governos de Afonso Pena e Nilo Peçanha

 Introdução

A Primeira República (1889–1930) marca a consolidação do regime republicano no Brasil após a queda da monarquia, estabelecendo uma cultura política republicana no país. Durante o governo de Afonso Pena, sexto presidente, sua habilidade em articular politicamente proporcionou estabilidade e imunidade às disputas políticas internas. Após a morte de Pena, seu vice Nilo Peçanha assumiu a presidência, sendo pioneiro em políticas voltadas para a industrialização, diversificação econômica e qualificação profissional do operariado.

O início do século XX no Brasil foi marcado por intensas transformações políticas e econômicas, destacando-se os governos de Afonso Pena e Nilo Peçanha. Enquanto Pena consolidou a estabilidade política, Peçanha foi o primeiro a implementar políticas industriais e de qualificação profissional. Paralelamente, esse período testemunhou o surgimento do cinema nacional e reflexões estéticas que buscavam definir a identidade cultural do país.

O governo de Afonso Pena

Afonso Pena, sexto presidente do Brasil (1906–1909), enfrentou desafios políticos e sociais durante seu mandato, marcado pelo estímulo ao desenvolvimento da infraestrutura de transportes e comunicações. Em meio a turbulências sociais, com o crescimento da classe operária e greves, Pena buscou estabilidade política, constituindo um governo sólido e enfrentando a insatisfação dos trabalhadores. Sua eleição no contexto da política do café com leite e a formação do "jardim de infância" como base política são aspectos destacados, assim como suas transformações significativas na matriz produtiva, defesa nacional e política de imigração.

Afonso Pena, comprometido com a modernização, construiu alianças políticas complexas e enfrentou a sucessão presidencial, sendo sucedido por Nilo Peçanha. O governo de Pena ficou marcado por realizações como o Convênio de Taubaté, o serviço militar obrigatório e a reestruturação da defesa nacional. Seu sucessor, Nilo Peçanha, implementou políticas voltadas para a industrialização, diversificação econômica e qualificação profissional do operariado, consolidando uma fase importante na Primeira República brasileira.

O governo de Nilo Peçanha 

O governo de Nilo Peçanha sucedeu ao de Afonso Pena após a morte deste durante o mandato. Peçanha, nascido em 1867, destacou-se como defensor do republicanismo desde jovem, ao contrário de Pena, que tinha histórico monárquico. Seu governo, embora breve, enfatizou a agricultura e o ensino técnico, sendo pioneiro na criação do Ministério da Agricultura. Peçanha também promoveu investimentos na indústria, buscando desenvolvimento econômico e enfrentou agitações políticas, incluindo a polêmica "Campanha Civilista" nas eleições de 1910, onde apoiou o candidato militar Hermes da Fonseca, causando divisões políticas.

A cultura brasileira no início do século XX 

No início do século XX, o Brasil experimentou uma efervescência cultural, com influências da Belle Époque europeia. O Rio de Janeiro, então Distrito Federal, tornou-se um polo cultural irradiador para todo o país, recebendo novidades europeias. Surgiu uma busca pela "brasilidade" como construção de identidade nacional, liderada por intelectuais como Olavo Bilac, defensor do "nacionalismo literário". No entanto, essa época de desenvolvimento cultural coexistiu com desafios como analfabetismo, doenças e pobreza.

A cultura também se manifestou no cinema, cujo crescimento nas primeiras décadas do século XX foi impulsionado pela oferta de energia elétrica. O cinema brasileiro, influenciado por produções estrangeiras, desenvolveu sua linguagem própria. A Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo, marcou um marco significativo, desafiando paradigmas estéticos e promovendo uma renovação artística no Brasil. Além disso, o período foi relevante para o surgimento de uma literatura feminina e feminista, destacando figuras como Carmem Dolores. Esses aspectos culturais coexistiram com desafios políticos e socioeconômicos do país, revelando a complexidade da época.

Conclusão

O período da Primeira República no Brasil, compreendido entre 1889 e 1930, representou uma fase intensa de transformações políticas, econômicas e culturais. Sob os governos de Afonso Pena e Nilo Peçanha, o país experimentou uma consolidação do regime republicano e uma série de inovações políticas e industriais. Afonso Pena, ao buscar estabilidade política, promoveu avanços na infraestrutura e na defesa nacional, enquanto Nilo Peçanha, por sua vez, pioneiramente direcionou esforços para a industrialização, diversificação econômica e qualificação profissional.

No âmbito cultural, o início do século XX foi marcado por uma efervescência de ideias e expressões artísticas. O Rio de Janeiro, como polo cultural, refletiu as influências da Belle Époque europeia, enquanto intelectuais buscavam construir uma identidade nacional brasileira. Essa busca pela "brasilidade" foi manifestada em diversas formas, incluindo movimentos literários e culturais, como a Semana de Arte Moderna de 1922, que desafiou paradigmas estéticos e promoveu uma renovação artística no país.

Paralelamente aos avanços culturais, o Brasil enfrentou desafios como analfabetismo, doenças e pobreza, evidenciando as disparidades sociais presentes na sociedade. O cinema brasileiro, impulsionado pelo acesso à energia elétrica, desenvolveu sua linguagem própria, enquanto a literatura feminina e feminista ganhava espaço.

Em síntese, o período da Primeira República brasileira foi caracterizado por uma complexa interação entre avanços e desafios, revelando a diversidade e a riqueza da experiência brasileira na transição do século XIX para o século XX. As lideranças políticas, as transformações industriais e culturais desse período contribuíram para moldar as bases do Brasil contemporâneo, pavimentando o caminho para os eventos que culminaram na Revolução de 1930 e na posterior era Vargas.

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