História do Brasil República - 3 Rodrigues Alves e a Revolta da Vacina

 


Introdução

O governo de Rodrigues Alves enfrentou desafios significativos tanto nacional quanto internacionalmente. No aspecto da infraestrutura, o presidente empreendeu esforços para desenvolver o transporte no Brasil, destacando-se a construção da ferrovia Madeira-Mamoré em Rondônia e a resolução de disputas territoriais na Amazônia, incluindo a compra do Acre da Bolívia. No cenário econômico, Rodrigues Alves lidou com a crise do café por meio do Convênio de Taubaté, comprometendo-se a comprar o excedente para estabilizar os preços.

No contexto urbano, o presidente promoveu grandes reformas na cidade do Rio de Janeiro, lideradas pelo prefeito Pereira Passos, tornando-a mais cosmopolita e moderna. Paralelamente, enfrentou desafios sanitários, encarregando o médico sanitarista Oswaldo Cruz de implementar uma reforma para combater surtos de doenças. A decisão de tornar a vacinação compulsória desencadeou a "Revolta da Vacina", uma semana de protestos na cidade. Este capítulo aborda a ascensão de Rodrigues Alves à presidência, seu governo, as reformas urbanas e os eventos em torno da Revolta da Vacina.

O governo de Rodrigues Alves

Rodrigues Alves, o quinto presidente do Brasil, teve uma trajetória destacada desde seus dias como estudante de Direito até sua ascensão na política. Além de sua atuação como jornalista, ele se associou à maçonaria, alinhando-se aos republicanos. Representante de São Paulo na "República do café com leite," Alves exerceu diversos cargos legislativos antes de se tornar presidente do Estado de São Paulo. Enfrentando um contexto econômico conturbado devido à política do Encilhamento, ele buscou estabilizar a economia nacional.

O governo de Rodrigues Alves ficou marcado por investimentos na infraestrutura de transporte, como a emblemática ferrovia Madeira-Mamoré, e pela resolução da "Questão do Acre" com a compra do território da Bolívia. O presidente também enfrentou a crise do café, resultando no Convênio de Taubaté, que visava regular o mercado cafeeiro. Além disso, seu governo implementou reformas urbanas no Rio de Janeiro, lideradas por Pereira Passos, e enfrentou desafios sanitários, como a Revolta da Vacina, ao tornar a vacinação compulsória na cidade.

A Reforma Pereira Passos

Durante a Primeira República no Brasil, inspiradas pela Belle Époque, as elites buscavam civilizar o país à imagem da sociedade burguesa europeia. No Rio de Janeiro, a Reforma Pereira Passos foi uma resposta a esse anseio, liderada pelo prefeito Francisco Pereira Passos e apoiada pelo presidente Rodrigues Alves. Inspirada na "haussmanização" de Paris, a reforma abordou questões sanitárias, urbanísticas e estéticas. Além da abertura de amplas avenidas, saneamento e iluminação, a reforma visava modernizar a cidade para inseri-la no circuito global das nações civilizadas.

A transformação da capital incluiu a criação da Avenida Central, que enfrentou resistência devido à necessidade de desapropriações e demolições. O projeto não se limitou apenas a alterações físicas, mas também buscou eliminar práticas consideradas incompatíveis com a modernidade urbana, como ordenha de vacas nas ruas e a venda de bilhetes de loteria. A repressão aos moradores de rua e a proibição de costumes rurais foram parte do esforço para converter o Rio de Janeiro em uma metrópole modelo, marcando uma nova ética urbana.

A Revolta da Vacina

Durante a presidência de Rodrigues Alves, marcada por intensas obras públicas no Rio de Janeiro e foco na saúde pública, a Revolta da Vacina eclodiu como um reflexo das transformações urbanas e sanitárias no Brasil do início do século XX. Influenciado por medidas europeias, o governo implementou políticas de modernização que envolveram a demolição de construções antigas, abertura de avenidas e uma campanha compulsória de vacinação liderada por Oswaldo Cruz. A população, despreparada e desinformada, reagiu violentamente à imposição, resultando em uma revolta que evidenciou contradições e autoritarismo no processo de modernização. Essa fase da história, marcada por reformas e conflitos, destaca-se como um momento complexo de mudanças e resistências no Brasil.

Conclusão

O governo de Rodrigues Alves foi um período marcante na Primeira República brasileira, confrontando desafios significativos tanto no âmbito nacional quanto internacional. Sua gestão destacou-se por investimentos em infraestrutura, como a construção da ferrovia Madeira-Mamoré, e pela resolução de questões territoriais na Amazônia, incluindo a compra do Acre da Bolívia. No cenário econômico, Rodrigues Alves enfrentou a crise do café por meio do Convênio de Taubaté, demonstrando sua busca por estabilidade.

A Reforma Pereira Passos, liderada pelo prefeito Francisco Pereira Passos durante o governo de Rodrigues Alves, representou uma tentativa de modernizar o Rio de Janeiro e integrá-lo ao cenário global das nações civilizadas. Inspirada na "haussmanização" de Paris, a reforma teve impactos físicos e sociais, buscando transformar a capital brasileira em uma metrópole modelo. A criação da Avenida Central, apesar de suas dimensões grandiosas, encontrou resistência devido às demolições e desapropriações necessárias, evidenciando tensões entre modernização e preservação do espaço urbano tradicional.

Contudo, a Revolta da Vacina tornou-se um marco de resistência à imposição do governo na busca pela modernização. As políticas de vacinação compulsória lideradas por Oswaldo Cruz geraram uma reação violenta da população, refletindo uma falta de preparo e informação sobre as mudanças propostas. Essa revolta destacou as contradições e o autoritarismo no processo de modernização, evidenciando que, apesar dos avanços, a sociedade brasileira ainda não estava plenamente preparada para aceitar as transformações impostas pelo governo.

Em síntese, o governo de Rodrigues Alves e as reformas urbanas durante esse período representaram uma fase de intensas mudanças e conflitos no Brasil do início do século XX. Enquanto buscava se modernizar e se integrar ao cenário internacional, o país enfrentava resistências internas, como a Revolta da Vacina, que ressaltaram as tensões entre as aspirações de progresso e as realidades sociais. Esse capítulo da história brasileira revela a complexidade das transformações em curso e as diferentes visões sobre o que significava ser uma nação "civilizada" naquela época.

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