2. Portugal no contexto das grandes navegações

 

Introdução.

Neste capítulo, abordaremos a Revolução de Avis e seu impacto no comércio de Portugal, destacando a posição geográfica do país como um impulsionador do comércio marítimo. Além disso, examinaremos as navegações e rotas dos portugueses para África, Ásia e América.

1. A Revolução de Avis.

A Revolução de Avis (1383–1385) em Portugal resultou de uma crise sucessória após a morte do rei Fernando I da dinastia de Borgonha. Isso levou ao assassinato do conde Andeiro e à ascensão de D. João, o Mestre de Avis, como regente. O rei de Castela tentou reivindicar o trono português, mas foi derrotado em 1385 na Batalha de Aljubarrota, e D. João foi coroado como D. João I, inaugurando a dinastia de Avis.

A Revolução de Avis teve implicações políticas, marcando a independência de Portugal em relação a Castela. Além disso, impulsionou o comércio marítimo, favorecendo a burguesia marítimo-comercial portuguesa. Com D. João I, Portugal iniciou sua expansão marítima, com a conquista de Ceuta em 1415, que possibilitou o comércio de africanos escravizados e outros produtos.

Essa revolução também promoveu a unidade nacional e estabeleceu as bases para as futuras explorações marítimas de Portugal.

2. Portugal e o mar.

A expansão marítima de Portugal, conhecida por diferentes termos como achamento, conquista, descobrimento, colonialismo e evangelização, desempenhou um papel fundamental na formação do Império Português. Esta expansão teve início com as atividades marítimas de Portugal no Oceano Atlântico em 1340, incluindo a exploração das Ilhas Canárias.

Após a Revolução de Avis, houve um aumento nas explorações marítimas e um avanço tecnológico, com destaque para a Escola de Sagres, que aprimorou a navegação e desenvolveu instrumentos como o astrolábio e a bússola. As caravelas também desempenharam um papel crucial nesse processo, permitindo viagens mais rápidas e eficientes.

A expansão marítima portuguesa resultou no estabelecimento do Império Atlântico, que incluía territórios na África continental e arquipélagos atlânticos. Portugal estabeleceu rotas comerciais e adotou um sistema triangular de comércio entre a Europa, África e América. Isso fortaleceu portos como Salvador e Rio de Janeiro, que se tornaram centros importantes de comércio.

Essa expansão atendeu aos interesses de diversas classes sociais e instituições, incluindo comerciantes em busca de oportunidades lucrativas, o rei em busca de receitas adicionais, nobres e membros da Igreja em busca de conversões e recompensas, e o povo em busca de novas oportunidades de vida.

3. As navegações portuguesas.

As navegações portuguesas, durante o século XV, tiveram como objetivos encontrar novas rotas marítimas, resolver problemas econômicos e demográficos de Portugal, e explorar o comércio com a África e a Ásia, fornecedores de escravizados, metais preciosos, especiarias e outros produtos.

Portugal financiou essas expedições por meio de impostos, empréstimos e fundos da Ordem de Cristo. Houve também investidores estrangeiros, como florentinos, e empréstimos internos com judeus portugueses.

Os principais marcos das navegações incluem a conquista de Ceuta em 1415, a chegada à Ilha da Madeira em 1419, a descoberta dos Açores em 1427, a ultrapassagem do Cabo Bojador em 1434, a chegada a Calicute na Índia em 1498 por Vasco da Gama e a chegada de Pedro Álvares Cabral ao território americano em 1500.

Portugal rapidamente dominou as rotas comerciais do Atlântico Sul, estabelecendo feitorias na África para negociar escravizados, especiarias, marfim e ouro. Na América, a exploração inicial concentrou-se na extração do pau-brasil.

Conflitos com a Espanha levaram à assinatura da Bula Intercoetera e do Tratado de Tordesilhas, que dividiram o domínio do Atlântico entre os dois países.

As expedições enfrentaram desafios como a escassez de alimentos, más condições a bordo, doenças, motins e naufrágios. A chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil em 1500 foi motivo de debate sobre a intencionalidade portuguesa na descoberta do território.

Pedro Álvares Cabral partiu para a Índia em 1500, mas ao retornar de sua viagem, alega-se que ele intencionalmente explorou o litoral brasileiro. Houve debates sobre se a descoberta do Brasil foi casual ou planejada.

Cabral chegou ao Brasil em 22 de abril de 1500, celebrando a primeira missa em 26 de abril na Bahia. Ele tomou posse da terra em nome de Portugal e continuou sua viagem às Índias, deixando dois desertores e dois marinheiros para aprender a língua dos nativos.

Os portugueses inicialmente consideraram o Brasil uma ilha chamada Vera Cruz, mudando o nome para Terra de Santa Cruz e, posteriormente, Terra dos Papagaios e Terra dos Brasis conforme exploravam o território.

Muitos indivíduos se estabeleceram na América, incluindo degredados, comerciantes, nobres empobrecidos, aventureiros, religiosos e outros em busca de oportunidades e riqueza.

Conclusão.

Em conclusão, este capítulo abordou a Revolução de Avis e seu impacto no comércio de Portugal, destacando a posição geográfica do país como um catalisador do comércio marítimo. Além disso, examinou as navegações e rotas dos portugueses para África, Ásia e América.

A Revolução de Avis, ocorrida no final do século XIV, não apenas resolveu uma crise sucessória em Portugal, mas também marcou a independência do país em relação a Castela. Além disso, impulsionou o comércio marítimo, beneficiando a burguesia marítimo-comercial portuguesa e estabelecendo as bases para as futuras explorações marítimas.

A expansão marítima de Portugal, iniciada no século XV, desempenhou um papel fundamental na formação do Império Português. As navegações resultaram em uma série de conquistas, desde a exploração das Ilhas Canárias até a chegada à Índia e ao território americano.

Essa expansão foi possibilitada por avanços tecnológicos, como os desenvolvidos na Escola de Sagres, e pelo uso das caravelas. Portugal estabeleceu um Império Atlântico, abrangendo territórios na África e em arquipélagos atlânticos, e desenvolveu rotas comerciais, incluindo um sistema triangular de comércio.

As navegações portuguesas foram financiadas por meio de diversos recursos, incluindo impostos, empréstimos e fundos da Ordem de Cristo. Elas atenderam aos interesses de várias classes sociais e instituições, contribuindo para o crescimento econômico e o fortalecimento dos portos de Salvador e do Rio de Janeiro.

No entanto, essas expedições enfrentaram desafios significativos, como a escassez de alimentos, más condições a bordo, doenças, motins e naufrágios. A chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil em 1500 permaneceu um tema de debate sobre sua intencionalidade.

Em suma, as navegações portuguesas desempenharam um papel crucial na história de Portugal, moldando seu Império e contribuindo para a exploração e colonização de territórios em diferentes continentes, incluindo o Brasil.

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